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  • Foto del escritorAcentos Territoriales

𝐍𝐀𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐒Â𝐍𝐈𝐌𝐎 𝐏𝐎𝐑𝐐𝐔𝐄 𝐒𝐎𝐌𝐎𝐒 𝐈𝐍𝐃Í𝐆𝐄𝐍𝐀𝐒!

COM PL 490 OU SEM ... NOSSA (RE)EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA É ORIGINÁRIA NESTES MAIS DE 500 ANOS E VAI CONTINUAR ATÉ QUE NOSSOS DIREITOS ANCESTRAIS/CONGÊNTIO À TERRA POR PERTENCEMOS À ELA SEJAM GARANTIDOS!


Por: Casé Angatu.


A aprovação ontem (23/06/2021) do Projeto de Lei - PL 490/2007 pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados só demonstra aquilo que muitos de nós já sabemos: o capitalismo e seu estado em seus diferentes níveis é incapaz de oferecer garantias aos Territórios e Povos Indígenas. Pergunto então: caso a PL 490/2007 fosse rejeitada (como ainda pode ser) pararíamos de lutar? Claro que não ... então bora lamber as feridas e continuar a caminhada.


Se são mais de cinco séculos de estruturais espoliações, genocídios e etnocídios ... também são 521 anos que protagonizamos originariamente nossa resistência e (re)existência! Somos Indígenas, portanto, nada de desanimo porque a luta sempre continua, mesmo quando ignorada por muitos!


Nós não invadimos as terras de ninguém, violando por mais de quinhentos anos o direito que antecede ao da propriedade privada e do estado. Direito não como proprietários, mas de pertencimento ao Território e Natureza.


Não fomos nós que decretamos guerras a ninguém e sim aqueles que se dizem donos de algo que não pode ter dono: a Natureza Sagrada.


A luta que realizamos nestes cinco século tem sido a de resistência e (re)existência aos donos do poder político e econômico em suas diferentes formas: aldeamentos jesuíticos, colônia, império e república. Resistência no sentido de expulsar os invasores, como foi realizada por nossas/nossos ancestrais na Confederação Tamuya entre 1554 - 1567. Mas também de (re)existência em nossa espiritualidade, cultura e defesa da Natureza Sagrada como pertencentes à ela.


Nossos t-eté (corpos), anga (almas), rituais, cosmologias e formas de viver são, em conjunto, natural e espontaneamente uma oposição ao capitalismo e um incômodo ao seu estado que precisa nos negar direitos e combater. Em nosso caso: não só o racismo é estrutural, mas também o genocídio e etnocídio porque os donos do poder econômico/político nós negam há mais de 500 anos o direito congênito e natural à Cy Yby (Mãe Terra). Eles que tem medo de nós porque ...



... îandê iané ara

masuí xukuí amó aras ...

(somos um mundo

onde cabem muitos mundos)


POR ISTO NÃO PODEMOS DESANIMAR ... NOSSOS PARENTES QUE JÁ ENCANTARAM ASSIM NOS ENSIANRAM E MERECEM QUE CONTINUEMOS LUTANDO!

.

NOSSOS KURUMIM E KUÑATÃ MERECEM NOSSA LUTA!

.

A NATUREZA ENCANTADA, CY YBY, PACHAMAMA (MÃE TERRA) E TODOS OS SERES HUMANOS, NÃO HUMANOS E ESPIRITUAIS QUE NELA POVOAM NÃO FORTALECEM!


Ymé îandê Jara suí Yby

(Não Somos Donos da Terra)

Não temos ñemoyro (rancor),

mas possuímos maenduassaba (memória).

.

Îandê Maramoñaga Ñerena Icobé

(Nossa Luta, Resistência e (Re)Existência)

é acima de tudo ritual,

espiritual em seus sentidos.

.

Îandê Maramoñaga (Lutamos)

pela Sagrada e Encantada Natureza ...

Îandê Aé (Somos Ela).

.

Não éramos,

nem somos, tão pouco seremos

Jara suí yby - Îandê Yby

(Donos da Terra - Somos a própria Terra)

.

Îandê piruera (Nossa pele)

tem a cor da Aupaba

(Terra Originária).

Mira Ira suí Yby –

Îandê Yby suí Pindorama

(Povo Mel da Terra –

Somos Terra da Terra sem males)

(Por: Casé Angatu)

.

AWÊRÊ AIÊNTÊN !!!


Sobre el autor: Casé Angatu (Carlos José F. dos Santos) - Indígena Morador na Aldeia Gwarïnï Taba Atã - Território Indígena Tupinambá de Olivença (Ilhéus/BA). Docente na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e no Programa de Pós-Graduação Ensino e Relações Étnico Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER/UFSB). Doutor pela FAU-USP, Mestre em História PUC/SP e Historiador pela UNESP. Autor dos livros: Nem Tudo Era Italiano – São Paulo e Pobreza na Virada do Século (1890-1915); e Identidades Urbanas e Globalização. Autor de um dos capítulos das obras: Índios no Brasil: Vida, Cultura e Morte;A lei 11.645/08 nas artes e na educação: perspectivas indígenas e afro-brasileiras; Literatura indígena brasileira contemporânea: autoria, autonomia, ativismo; Índios na visão dos Índios: Memória; Memórias da Mãe Terra, entre outros.


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