Acentos Territoriales
8 de jul de 20213 min.
COM PL 490 OU SEM ... NOSSA (RE)EXISTĂNCIA E RESISTĂNCIA Ă ORIGINĂRIA NESTES MAIS DE 500 ANOS E VAI CONTINUAR ATĂ QUE NOSSOS DIREITOS ANCESTRAIS/CONGĂNTIO Ă TERRA POR PERTENCEMOS Ă ELA SEJAM GARANTIDOS!
Por: Casé Angatu.
A aprovação ontem (23/06/2021) do Projeto de Lei - PL 490/2007 pela CCJ (ComissĂŁo de Constituição e Justiça) da CĂąmara dos Deputados sĂł demonstra aquilo que muitos de nĂłs jĂĄ sabemos: o capitalismo e seu estado em seus diferentes nĂveis Ă© incapaz de oferecer garantias aos TerritĂłrios e Povos IndĂgenas. Pergunto entĂŁo: caso a PL 490/2007 fosse rejeitada (como ainda pode ser) pararĂamos de lutar? Claro que nĂŁo ... entĂŁo bora lamber as feridas e continuar a caminhada.
Se sĂŁo mais de cinco sĂ©culos de estruturais espoliaçÔes, genocĂdios e etnocĂdios ... tambĂ©m sĂŁo 521 anos que protagonizamos originariamente nossa resistĂȘncia e (re)existĂȘncia! Somos IndĂgenas, portanto, nada de desanimo porque a luta sempre continua, mesmo quando ignorada por muitos!
Nós não invadimos as terras de ninguém, violando por mais de quinhentos anos o direito que antecede ao da propriedade privada e do estado. Direito não como proprietårios, mas de pertencimento ao Território e Natureza.
Não fomos nós que decretamos guerras a ninguém e sim aqueles que se dizem donos de algo que não pode ter dono: a Natureza Sagrada.
A luta que realizamos nestes cinco sĂ©culo tem sido a de resistĂȘncia e (re)existĂȘncia aos donos do poder polĂtico e econĂŽmico em suas diferentes formas: aldeamentos jesuĂticos, colĂŽnia, impĂ©rio e repĂșblica. ResistĂȘncia no sentido de expulsar os invasores, como foi realizada por nossas/nossos ancestrais na Confederação Tamuya entre 1554 - 1567. Mas tambĂ©m de (re)existĂȘncia em nossa espiritualidade, cultura e defesa da Natureza Sagrada como pertencentes Ă ela.
Nossos t-etĂ© (corpos), anga (almas), rituais, cosmologias e formas de viver sĂŁo, em conjunto, natural e espontaneamente uma oposição ao capitalismo e um incĂŽmodo ao seu estado que precisa nos negar direitos e combater. Em nosso caso: nĂŁo sĂł o racismo Ă© estrutural, mas tambĂ©m o genocĂdio e etnocĂdio porque os donos do poder econĂŽmico/polĂtico nĂłs negam hĂĄ mais de 500 anos o direito congĂȘnito e natural Ă Cy Yby (MĂŁe Terra). Eles que tem medo de nĂłs porque ...
... ĂźandĂȘ ianĂ© ara
masuĂ xukuĂ amĂł aras ...
(somos um mundo
onde cabem muitos mundos)
POR ISTO NĂO PODEMOS DESANIMAR ... NOSSOS PARENTES QUE JĂ ENCANTARAM ASSIM NOS ENSIANRAM E MERECEM QUE CONTINUEMOS LUTANDO!
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NOSSOS KURUMIM E KUĂATĂ MERECEM NOSSA LUTA!
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A NATUREZA ENCANTADA, CY YBY, PACHAMAMA (MĂE TERRA) E TODOS OS SERES HUMANOS, NĂO HUMANOS E ESPIRITUAIS QUE NELA POVOAM NĂO FORTALECEM!
YmĂ© ĂźandĂȘ Jara suĂ Yby
(NĂŁo Somos Donos da Terra)
Não temos ñemoyro (rancor),
mas possuĂmos maenduassaba (memĂłria).
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ĂandĂȘ Maramoñaga Ăerena IcobĂ©
(Nossa Luta, ResistĂȘncia e (Re)ExistĂȘncia)
Ă© acima de tudo ritual,
espiritual em seus sentidos.
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ĂandĂȘ Maramoñaga (Lutamos)
pela Sagrada e Encantada Natureza ...
ĂandĂȘ AĂ© (Somos Ela).
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NĂŁo Ă©ramos,
nem somos,
 tão pouco seremos
Jara suĂ yby - ĂandĂȘ Yby
(Donos da Terra - Somos a prĂłpria Terra)
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ĂandĂȘ piruera (Nossa pele)
tem a cor da Aupaba
(Terra OriginĂĄria).
Mira Ira suĂ Yby â
ĂandĂȘ Yby suĂ Pindorama
(Povo Mel da Terra â
Somos Terra da Terra sem males)
(Por: Casé Angatu)
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AWĂRĂ AIĂNTĂN !!!
Sobre el autor: CasĂ© Angatu (Carlos JosĂ© F. dos Santos) - IndĂgena Morador na Aldeia GwarĂŻnĂŻ Taba AtĂŁ - TerritĂłrio IndĂgena TupinambĂĄ de Olivença (IlhĂ©us/BA). Docente na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e no Programa de PĂłs-Graduação Ensino e RelaçÔes Ătnico Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER/UFSB). Doutor pela FAU-USP, Mestre em HistĂłria PUC/SP e Historiador pela UNESP. Autor dos livros: Nem Tudo Era Italiano â SĂŁo Paulo e Pobreza na Virada do SĂ©culo (1890-1915); e Identidades Urbanas e Globalização. Autor de um dos capĂtulos das obras: Ăndios no Brasil: Vida, Cultura e Morte;A lei 11.645/08 nas artes e na educação: perspectivas indĂgenas e afro-brasileiras; Literatura indĂgena brasileira contemporĂąnea: autoria, autonomia, ativismo; Ăndios na visĂŁo dos Ăndios: MemĂłria; MemĂłrias da MĂŁe Terra, entre outros.